Nossas principais experiências no serviço municipal de Atendimento Pré-Hospitalar Móvel da cidade de São Paulo – do APH ao APH 192 e atual SAMU 192
Problema/Situação:
Por Carlos Eid:
Como o APH esteve presente quase toda minha vida, participei e coordenei muitos momentos que contribuíram para a chegada do APH na situação atual.
Nem sempre é fácil individualizá-los pois todos foram parte de uma engrenagem e todos tiveram relevância no desenvolvimento. Para cada um deles posso apontar a “População Envolvida”, os “Objetivos e Resultados”, os “Recursos Envolvidos” e muito mais.
Para efeito desse projeto Relato de Experiências, posso sugerir/identificar alguns Momentos ou Etapas, no processo de crescimento do APH/SAMU. Vou listá-los para melhor individualização.
1. O começo no Brasil e em São Paulo. É importante lembrar quais foram as pessoas que iniciaram o processo de convencimento do então Secretário de Saúde (Secretário de Higiene e Saúde) da Cidade de São Paulo e este do então Prefeito Olavo Setúbal, a criar pela primeira vez um sistema de APH, único no Brasil, ocorrido em meados dos anos 70. O SAMU como conhecemos hoje só foi iniciado em 2003, a partir do que já existia. Precisamos mostrar quando se deu a inauguração, quais documentos existem, quando foi publicado (no Diário Oficial do Município) o primeiro manual de Atendimento Pré-Hospitalar e quais os profissionais que o assinaram. Pouco depois surgiu o dígito 192 em todo Brasil, disponibilizado para uso exclusivo na área da saúde, mas apenas a Cidade de São Paulo fez dele uso para acionamento das ambulâncias. São histórias, é verdade, mas cujos protagonistas, em parte já faleceram e essa história está próxima de não poder mais ser recuperada. Temos esta oportunidade agora.
2. Como eu entrei no processo. Em 1974, ano em que eu estagiava no HSPM, ocorreu o incêndio do Edifício Joelma e o hospital foi, junto com a Santa Casa, o principal destino das vítimas. Todos fomos chamados pelo sistema de som para irmos ao PS. Eu estava passando visita em meus leitos no 9º andar e o incêndio, bem próximo, podia ser visto da janela. Esse dia me marcou. Posteriormente e por cerca de 20 anos, fui o coordenador médico do sistema de atendimento às calamidades na Cidade de São Paulo. Antes disso, em 1981, eu era diretor da Unidade de Internação do Hospital de “Pirituba” onde lá estava desde 1979 e fomos chamados em uma reunião na SMS quando fomos informados de que as ambulâncias que atuavam no socorro tinham prioridade absoluta e deveriam responder rapidamente o chamado (feito pelo rádio da própria ambulância). Foi minha entrada oficial no APH. Assim comecei a estudar o APH e produzir alguns trabalhos e apresentando-os em congressos, o que me rendeu convite de uma organização internacional para passar um mês (1986) em Chicago, EUA, estudando e saindo nas ambulâncias. Nessa ocasião eu era diretor do hospital. Ao retornar, assumi o cargo de Superintendente da Superintendência Médico Hospitalar de Urgência, onde se subordinavam todos os hospitais e pronto socorros, além do sistema de APH, chamado CECOM-Central de Comunicação. Pude realizar muitas coisas para o APH nesse cargo.
3. Em 1988 São Paulo assinou um acordo de Cooperação com a Cidade de Toronto, Canadá. Abriram a possibilidade de qualquer setor da PMSP, sugerir projetos. Fiz a proposta de parceria da CECOM com a área de ambulância (APH) de Toronto com objetivo de qualificar instrutores nesta área em nossa cidade, já que não tínhamos ninguém, exceto experiências pontuais como eu próprio, que passei a dar aulas para as equipes das ambulâncias quando voltei de Chicago (1986). Minha proposta foi o primeiro projeto aprovado, já com visita a Toronto ocorrida no final de 1.988. Era dividido em 4 etapas, e durou 12 anos (programa mais longevo da agência canadense), formando dezenas de instrutores na PMSP, Bombeiros, CET, Defesa Civil, etc. Um de nossos objetivos foi melhorar e integrar com outros serviços que também atuavam nas emergências. Essa parceria foi premiada aqui no Brasil.
4. Parceria de nosso serviço com outra agência internacional, OFDA/USAID com o mesmo propósito de formar instrutores em nosso meio. Muitos de nós fomos fazer cursos em outros países e depois recebemos profissionais de diversas partes do mundo, incluindo paramédicos americanos, para ministrar treinamento aqui em São Paulo. Outros órgãos e Associações Médicas foram convidadas a participar.
5. Como surgiram as ambulâncias do SAMU. Ambulâncias no Brasil são veículos transformados e não comprados prontos. Em 2002 fui chamado para coordenar a descrição de novas ambulâncias que seriam compradas (pregão) para renovação de nossa frota do município. Pudemos implementar as ambulâncias com um descritivo inovador e cumprindo objetivos que até então não existiam no Brasil. Após a realização do pregão, 53 ambulâncias estavam sendo construídas quando o Ministério da Saúde (MS) solicitou cópia do nosso edital. O MS criou o SAMU em 2003 e comprou cerca de 2.500 ambulâncias para todo o Brasil, dentro das regras que estavam sendo conhecidas. O grafismo que preparamos foi substituído pelo que se conhece hoje. O projeto inovador elaborado na CECOM, passou a ser a primeira frota do SAMU nacional. O Governo Federal repassou o dinheiro da compra dessas 53 ambulâncias iniciais que passaram a rodar como SAMU na cidade de São Paulo e, por um ano, as equipes rodaram com ambulâncias do SAMU, mas ainda com uniformes do APH 192 de São Paulo.
6. Outros momentos e projetos que existiram, podemos discutir posteriormente.
Todos os projetos acima tiveram pessoas que foram relevantes na sua realização e devem ser citadas no momento oportuno.
Por Claus:
1. A Urgência e Emergência, principalmente a área de Traumatologia, além do Esporte estão presentes em quase toda a minha vida. Por conta disso, depois de formado e especializado em Ortopedia e Traumatologia me graduei em Medicina Desportiva e me envolvi intensamente na atividade de APH. Fui convidado no início dos anos 90 pelo Dr. Carlos Alberto Guglielmi Eid, Superintendente da Superintendência Médico Hospitalar de Urgência, para integrar a equipe do APH 192 que estava em franco desenvolvimento.
2. A convite do mesmo colega acima citado, integrei também o grupo de plantonistas médicos do Sistema de Atendimento às Calamidades na Cidade de São Paulo.
3. Tive o imenso prazer e satisfação de ser um dos Instrutores das primeiras equipes de atendimento pré-hospitalar de suporte básico à vida e, posteriormente, das primeiras equipes de atendimento pré-hospitalar de suporte avançado à vida (compostas de médicos e enfermeiros), assim como das mais recentes equipes da modalidade de suporte intermediário à vida (composta por enfermeiros).
4. Além disso, em parceria com inúmeros colegas médicos e enfermeiros de alto gabarito e formação acadêmica, ajudei no desenvolvimento de novas tecnologias e equipamentos aplicáveis ao APH, bem como na elaboração dos primeiros Protocolos Operacionais tanto de SBV, quanto de SIV e também de SAV. Honrosamente contribui também na elaboração dos Protocolos Nacionais do SAMU, pelo Ministério da Saúde, em Brasília.
5. Anos e momentos inesquecíveis e altamente gratificantes de atuação na área administrativa, instrucional e acadêmica. Por conta de minha atuação no Departamento de Ortopedia e Traumatologia da EPM, e do vínculo pessoal com colegas Médicos da FMUSP, foram feitas parcerias com essas Instituições, de tal sorte que Médicos Residentes de Ortopedia da EPM e Médicos Residentes da Medicina Desportiva da EPM e da FMUSP fizeram estágios práticos nas ambulâncias de SAV do SAMU 192 entre os anos de 2013 e 2015.
6. Mas nada supera a satisfação e prazer de atuar como Médico Intervencionista de Primeira Resposta, aplicando manobras e procedimentos de Suporte Avançado à Vida, nas mais variadas situações de agravos súbitos à saúde dos cidadãos desta cidade e, em diversas oportunidades, ter feito a diferença entre a vida e outros desfechos desfavoráveis e às vezes irreversíveis.
Objetivos/Resultado esperados:
Este relato tem o objetivo de contar as experiências dos dois relatores que, ao longo de anos, contribuíram em diferentes etapas e processos para a evolução e aperfeiçoamento do Serviço de Atendimento Pré-hospitalar (APH) móvel oferecido pela Prefeitura da Cidade de São Paulo, assim como contar uma pequena parte da história documentada do serviço, para transmitir alguns conhecimentos sobre como esse importante serviço para o município evoluiu ao longo do tempo, partindo dos primórdios do APH até o atual Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU 192.
O Dr. Carlos Alberto Guglielmi Eid, médico aposentado do quadro funcional da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), relata o que encontrou em documentos históricos sobre os primórdios do APH na cidade, o que presenciou e o que vivenciou na fase inicial de estruturação do serviço e como colaborou para a formação dos primeiros profissionais especializados, com atuação específica em APH móvel, e para a evolução do serviço de APH Móvel da cidade de São Paulo.
O Dr. Claus Robert Zeefried, médico que atuou por 24 anos no APH/SAMU do município, relata a sua participação no serviço, especialmente no que se refere à formação de profissionais para atuação em APH, no gerenciamento médico e na evolução do serviço descrevendo especialmente o período a partir do ano de 2003, quando foi oficialmente instituído o SAMU 192 pelo Ministério da Saúde.
Recursos:
Não se aplica
Resultados alcançados/Impactos:
Não se aplica
Desafios:
Não se aplica
Lições aprendidas:
Não se aplica
Outras Informações
COLEÇÃO
Secretaria Municipal da Saúde (SMS-SP) |
ÁREA TEMÁTICA
Não se aplica |
Situação da experiência
Implementada e em operação regular |
DATAS
Início: 1970-01-01PAÍS
Brasil |
ESTADO/REGIÃO
SPCIDADE
São PauloLocal
Secretaria Municipal da Saúde
IDIOMA
PortuguêsDescritores
Serviços Médicos de EmergênciaDespacho de Emergência Médica
Pessoal de Saúde
Palavras-chave
Atendimento Pré-HospitalarAPH
APH 192
SAMU 192