História de vida com a Enfermagem: grupo de gestantes da Unidade Básica de Saúde na região de M’Boi Mirim, Jardim Ângela - A Gratuidade que acolhe
Problema/Situação:
Durante a gestação, muitas mulheres enfrentam uma série de desafios, que vão desde questões emocionais e físicas até a necessidade de lidar com informações diversas, o que pode aumentar os níveis de ansiedade e incerteza sobre a maternidade. Além disso, quando se trata de gestações na adolescência, há uma camada adicional de dificuldades, pois essas jovens enfrentam estigmas, preconceitos e se encontram em uma situação de extrema vulnerabilidade.
Como enfermeira de Estratégia de Saúde da Família em uma Unidade Básica de Saúde na região de M’Boi Mirim – Jardim Ângela, tenho a oportunidade de liderar um grupo de gestantes, contando com o auxílio de duas agentes comunitárias de saúde e uma auxiliar de enfermagem, e quando necessário tem uma nutricionista que apoia também. Nosso objetivo é claro: oferecer um serviço humanizado, promovendo autonomia por meio do conhecimento, incentivando a troca de experiências e reduzindo a ansiedade das futuras mães.
Durante o primeiro trimestre, concentramos nossos esforços em discutir os direitos e deveres das gestantes, além de abordar temas como nutrição. Uma atividade especial incluiu a criação de uma história em um livro de pano para o bebê, incentivando não apenas a escrita, mas também a decoração da capa com peças de artesanato. Destaquei a importância da leitura diária para o desenvolvimento do bebê, ressaltando seu impacto positivo nas conexões neurais e na formação de memórias fundamentais para o vínculo familiar e aprendizado futuro.
No segundo trimestre, o foco se voltou para a amamentação e cuidados com o bebê. Cada gestante recebeu uma toalhinha de boca, que era personalizada com o nome do bebê, quando já conhecido. No terceiro trimestre, abordamos os sinais e sintomas do parto, tipos de parto, cuidados pós-parto e com o recém-nascido. Para registrar esse momento especial, oferecemos a pintura gestacional, permitindo que as mães guardassem uma recordação única desse período.
Acredito firmemente no poder das oficinas como ferramenta de construção de conhecimento e expressão dos sentimentos. O grupo de gestantes se torna um espaço privilegiado para fortalecer os laços e compartilhar as experiências das participantes. O nome que escolhi para o grupo, "A Gratuidade que Acolhe", reflete a mensagem central de que o que realmente importa na maternidade vai além de bens materiais, destacando a importância da interação e do amor verdadeiro entre pais e filho.
Como enfermeira, valorizo não apenas o tratamento da doença, mas também o cuidado individualizado e compassivo para com cada ser humano. Minha trajetória pessoal, iniciada na mesma comunidade onde vivi e enfrentei vários obstáculos, e à qual hoje presto assistência, reforça meu compromisso com a saúde e o bem-estar daqueles que atendo. A experiência transformadora que vivi durante minha própria gravidez, onde fui acolhida por uma equipe multidisciplinar, foi o que despertou em mim a paixão pela área da saúde e me motivou a seguir essa carreira.
Por isso, é fundamental que adolescentes saibam que têm direito a cuidados médicos, e que as gestantes busquem apoio nas unidades de saúde próximas, como a UBS local, e, se necessário, sejam encaminhadas para serviços especializados, como o Hospital das Clínicas.
Importante destacar que adolescentes partir dos 14 anos pode passar sozinha no médico sem acompanhamento de responsável, abaixo de 14 anos ela também tem direito de procurar assistência, porém acionamos o responsável.
Imagine-se numa jornada de transformação, onde cada passo é um mergulho no desconhecido, mas também na esperança e na força interior. Assim é o nosso grupo de gestantes, batizado com carinho de "A Gratuidade que Acolhe", um espaço onde a mensagem mais importante é transmitida com o coração: o que realmente importa na jornada da maternidade vai além de objetos materiais. Aqui, descobrimos juntas que o verdadeiro presente é a interação, o toque, o olho no olho, a presença.
Encontro na Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) uma ferramenta poderosa para cuidar de vocês em cada etapa dessa jornada única. Desde o momento da gestação até o nascimento, passando pelo diagnóstico de uma doença ou pelos momentos mais difíceis, como a hora da morte, estou aqui para caminhar ao seu lado, para que juntas possamos enfrentar e superar os desafios que surgirem.
Objetivos/Resultado esperados:
- Oferecer um serviço humanizado, promovendo autonomia por meio do conhecimento, incentivando a troca de experiências e reduzindo a ansiedade das futuras mães.
- Facilitar a troca de experiências entre as gestantes, criando um espaço de apoio mútuo
- Capacitar as gestantes em temas relevantes, como nutrição, amamentação, cuidados com o recém-nascido e sinais de parto.
Recursos:
- Equipe multidisciplinar composta por enfermeira, agentes comunitários de saúde e auxiliar de enfermagem.
- Material didático, incluindo livros de pano para bebês e toalhinhas personalizadas.
- Espaço físico na Unidade Básica de Saúde para realização das atividades do grupo.
Resultados alcançados/Impactos:
- Fortalecimento do vínculo entre as gestantes e a equipe de saúde.
- Aumento do conhecimento das gestantes sobre os cuidados durante a gestação e pós-parto.
- Redução da ansiedade e maior confiança das gestantes em relação à maternidade.
- Retirar a adolescente de uma situação de vulnerabilidade extrema
Desafios:
- Superar estigmas e preconceitos associados à gravidez na adolescência.
- Garantir o acesso das gestantes aos serviços de saúde, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
Lições aprendidas:
- A importância do acolhimento e da empatia no cuidado às gestantes.
- O poder da educação em saúde na promoção do autocuidado e da autonomia das gestantes.
- A necessidade de uma abordagem integrada e multidisciplinar para atender às diferentes necessidades das gestantes.
Vídeos
Equipe
Responsável:
Membros:
Alice Cristina Coca Mendes
Filiação
Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” - CEJAM
Cargo
Nutricionista
Formação acadêmica
Nutrição Bacharel/ e nível de Pós Graduação
E-mail
alice.cocamendes@gmail.com
Currículo
Outras Informações
COLEÇÃO
Secretaria Municipal da Saúde (SMS-SP) |
ÁREA TEMÁTICA
Não se aplica |
Situação da experiência
Implementada e em operação regular |
DATAS
Início: 2022-01-01PAÍS
![]() |
Brasil |
ESTADO/REGIÃO
São PauloCIDADE
São PauloLocal
Escola Municipal de Saúde
POPULAÇÃO
Adolescente |
Gestantes |
Profissional de Saúde |
IDIOMA
PortuguêsDescritores
Saúde do AdolescenteEnfermagem
Cuidados de Enfermagem
Assistência Centrada no Paciente
Gravidez na Adolescência
Equipe de Assistência ao Paciente
Palavras-chave
GravidezAdolescente
Enfermagem
Saúde
Links relacionados
https://youtu.be/CU0QU8VZt30Observações
Mas permitam-me compartilhar um pouco da minha própria história. Nasci e cresci na Zona Sul de São Paulo, em meio a uma realidade marcada pela periculosidade e pelas vulnerabilidades. Aos quatorze anos, me vi grávida, envolta em julgamentos e críticas. Foi um momento difícil, mas graças ao apoio e acolhimento de uma equipe multidisciplinar no Hospital das Clínicas, encontrei forças para seguir em frente. Lá, aprendi não apenas sobre cuidados com a gestação e o recém-nascido, mas também sobre persistência, coragem e amor-próprio.
Lembro-me com carinho do dia em que preparei a primeira sopa para o meu filho Gabriel, com a ajuda de uma enfermeira e uma residente que escreveram cada passo do processo em um receituário. Aquela atenção especial foi como um bálsamo para minha alma adolescente, inundando-me de amor e confiança. Foi nesse momento que nasceu em mim a paixão pela área da saúde e o desejo de cuidar dos outros com a mesma dedicação que recebi.
Portanto, se você é uma adolescente, saiba que tem o direito de buscar cuidados médicos desde cedo, a partir dos quatorze anos. Se está grávida, saiba que pode contar com o apoio da UBS mais próxima de sua residência e, se necessário, ser encaminhada para serviços especializados, como o Hospital das Clínicas.
Encerro este relato com um trecho da música de Fernanda Brum: "Não é tarde para se sonhar; o céu ainda é azul a esperança; é só olhar no olhar de uma criança; no sorriso de uma mãe que deu à luz…" Que estas palavras possam inspirar e fortalecer cada uma de vocês, assim como inspiraram e fortaleceram a mim. Juntas, somos capazes de superar qualquer desafio e escrever uma nova história, repleta de amor, compaixão e esperança.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela minha vida e por me permitir ultrapassar todos os obstáculos encontrados ao longo desses anos.
Aos meus familiares por sempre me incentivarem em momentos difíceis, meu esposo que entende minhas ausências durante os estudos.
A empresa CEJAM por fazer essa parceria e permitir que eu me tornasse uma Especialista em Atenção Primária.
Aos meus ex-líderes: gerente James Braga e supervisora Sheila Lima que sempre autorizaram banco de horas, inclusive me liberaram de campanhas aos sábados quando era dia de aula.
As minhas colegas de trabalho que compreenderam minha ausência: Todas as Agentes Comunitárias da equipe 6, também as enfermeiras Daniela Neves, Maria Isabel, Sandra Valéria, Beatriz de Almeida e Paloma de Oliveira, minha eterna gratidão.
Ao Dr. Marco Aurélio Knippel Galletta, coordenador do grupo de gestantes em 1996 no HCFMUSP. A equipe multiprofissional que tanto me apoiou e através desse atendimento exemplar, iniciou minha paixão pela área da saúde. Não tenho palavras para expressar o quanto sou grata a todos os profissionais.marco.galletta@fm.usp.br.
A Paula Pavan da escola municipal de saúde que através da espacialização no Einstein, me convidou para realizar esse trabalho. ppavan@prefeitura.sp.gov.br.